Sem dúvida um livro que há muito tempo já deveria ter sido escrito, o jornalista
Leandro Narloch não só toca como escarafuncha a ferida da história do país ao desmistificar alguns dos nossos mais diletos heróis entre eles
Santos Dumont,
Zumbi dos Palmares,
Aleijadinho e
Luís Carlos Prestes erguendo polêmicas afirmações como a de que
quem matou mais índios no Brasil foram os próprios índios e a de que
João Goulart favorecia empreiteiras. Digo que este livro já deveria há muito tempo ter sido publicado não por um sentimento particular de rebeldia mas por nunca haver concordado com a versão oficial de diversos acontecimentos históricos pelo simples fato de não me parecerem plausíveis depois da analise do contexto em que ocorreram.
Uma das primeiras pessoas a abrir meus olhos no que se refere a versão oficial dos fatos históricos que nos é ensinada geração após geração nas escolas foi meu professor de história com quem tive aulas na metade final do primário. Homem alto e muito magro com profundas olheiras e roupas
hippie, tinha o dom de hipnotizar a todos com suas aventuras da época em que vivera entres os índios da Amazônia. Sempre preocupou-se em abrir alguns parênteses entre os capítulos dos livros didáticos a fim de nos esclarecer com boa dose de humor o que de fato ocorrera em determinados acontecimentos históricos ali retratados de maneira tão poética como o "
grito da independência" proclamado as margens do Ipiranga por exemplo.
Grande parte das revelações feitas por Narloch em seu livro, baseado em uma extensa bibliografia, tem um relevante argumento a lógica comportamental dos indivíduos e da própria sociedade da época em que se deram os fatos. Em um dos capítulos mais polêmicos de seu livro onde escreve que Zumbi e o Quilombo dos Palmares estavam muito mais para um reino africano onde ele teria inclusive escravos do que para a projetada sociedade igualitária de historiadores Marxistas como
Décio Freitas.
Importante também o trecho do livro em que Narloch destrincha os grupos de guerrilheiros comunistas, dos quais fizeram parte importantes nomes da nossa política atual, que durante o regime militar não lutavam por liberdade e sim pelo ideal de substituir a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado.
Sem dúvida o livro não é definitivo mas que a história brasileira está recheada de engodos e de informações distorcidas estamos carecas de saber, o que realmente estava faltando era alguém com peito de escrever algo como o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Sua principal característica, a que para mim parece ser a mais importante quando se fala de arte em geral, é a de nos fazer pensar.
O próximo Livro da Semana é o maravilhoso
Trem Noturno para Lisboa de
Pascal Mercier.